A Reciprocidade está dentro de cada um de nós

A reciprocidade em doar um pouco a quem não tem nada, fortalece nos momentos de crise, como estamos vivenciando.

Reparou que enquanto estamos em nossos lares devido a quarentena, muitas pessoas estão pensando: como farão para pagar suas contas ou colocar alimentos para sustentar suas famílias?

Devido ao momento de instabilidade e incerteza, existe outras famílias que vivem o mesmo sentimento porém, por tempo permanente!

Esta é uma dura realidade da humanidade. Contudo, vou dedicar no texto a realidade dos brasileiros que vivem em condições de miséria, não tendo recursos para sobreviver.

Pessoas que não possuem uma estrutura familiar adequada; mães solteiras; filhos envolvidos com drogas, crianças com algum tipo de síndrome que necessitam de um cuidado em tempo integral.

Embora muitas pessoas ainda não conheçam este cenário tão de perto eu vou contar um pouco neste texto.

Faço parte de um projeto social que oferece alimentos para famílias mais necessitadas e vivencio um pouco desta realidade.

Conhecendo um pouco do projeto

O projeto consiste de algumas etapas:
1. Arrecadar alimentos doados por empresas ou pessoas físicas da comunidade;
2. Armazená-los observando a validade do lote;
3. Montando as cestas que serão entregues a cada quinzena na paróquia.

Temos dois grupos de famílias que recebem estes alimentos:
Cadastradas, são grupos de famílias que passam por uma triagem, com validação de documentos e de suas condições. Ficam por seis meses recebendo uma cesta mensal e mais completa.

Primeira vez, são grupo de famílias que recebem também uma cesta e como o nome já diz, estão frequentando o projeto pela primeira vez. Entretanto esta famílias são observadas e havendo disponibilidade são cadastradas.

Desta forma as famílias de primeira vez, recebem uma cesta menor, mas não sai sem receber uma sacola de alimentos.

Além dos alimentos, também são oferecidos outros valores como:
a. atendimento humanizado;
b. podem conversar com psicólogos e médicos que fazem o atendimento durante a distribuição dos alimentos;
c. tomam um café da manhã reforçado
d. participam de uma celebração para receber uma palavra de fé e esperança.

Crise de desabastecimento

Com a pandemia, o cenário da quarentena começou afetar todas as áreas da economia. As doações que ocorriam com regularidade, foram diminuindo devido ao distanciamento social.

Como havia mencionado, estas famílias tem uma necessidade permanente.

Principalmente em decorrência do desemprego, ou por serem idosos e não terem onde obter renda, ou por serem famílias desestruturadas, enfim, são muitos os motivos.

Reciprocidade

Se era difícil e não tinham condições quando tudo estava funcionando, imagine agora que tudo parou.

A reserva dos alimentos começou a reduzir, até esgotar neste último final de semana, onde o estoque permitiu montar apenas mais uma quinzena de cestas de alimentos.

O poder da reciprocidade

A uma semana atrás, durante as celebrações que estão ocorrendo online o sacerdote divulgou que este projeto estava com seu estoque de alimentos limitado.

Sugeriu que as pessoas interessadas em contribuir, poderiam fazer a entrega dos alimentos na paróquia.

Para manter a segurança, as pessoas não precisariam descer do carro, no processo de drive thru, podendo assim contribuir com as pessoas que mais precisavam.

Conclusão, o projeto acabou sendo um sucesso e a solidariedade humana em ajudar o próximo se mostrou forte mais uma vez. 

A regra diz que devemos tentar retribuir na mesma moeda, o que outra pessoa nos concedeu¹

As doações superaram todas as expectativas e quem tem fé e acredita, posso afirmar que foi um verdadeiro milagre.

Para o projeto, temos novamente condições de mantê-lo por mais alguns meses graças aos mantimentos recebidos, que foram além de alimentos, doações de roupas, calçados brinquedos.

O hábito da reciprocidade

Ainda sobre criação de hábitos, a reciprocidade talvez seja o hábito arraigado em que o ser humano mantém sempre. Independente de sua classe social, financeira ou crenças.

Quando recebemos alguma coisa, nos preocupamos em retribuir com o mesmo valor. Como sãos os presentes de aniversário, ou favores que mesmo pequeno, quem os recebe, procura de alguma forma retribuir.

A sensação de obrigação futura amplamente compartilhada e rigorosamente obedecida fez uma diferença enorme na evolução social humana porque significou que uma pessoa podia dar algo (comida, energia, cuidados) para outra com a certeza de que a dádiva não estava se perdendo.¹

Analisando o lado positivo, conseguimos compreender que esta pandemia apesar de distanciar as pessoas uma das outras, mantém aceso a esperança e a fé de que juntos somos mais fortes.

Nos permite a reflexão sobre nossos valores e crenças, de que podemos fazer mais e ser pessoas melhores e mais humanas. Saímos um pouco do fluxo automático que o mundo estava nos guiando.

Espero que tenham gostado do texto, comentem! Obrigado é até a próxima.

|¹ CIALDINI, Robert B. As armas da persuasão – Como influenciar e não se deixar influenciar. Tradução de Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Sextante, 2012

O que você achou deste conteúdo?

Clique nas estrelas

Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.